Professora de Harvard, Amy Edmondson, sobre como cometer erros da maneira certa.

por JEFFREY COHN

Julho 2023 | Traduzido por IISP – Instituto Internacional em Segurança Psicológica (www.segurancapsicologica.com)

Recentemente eu entrevistei Amy Edmondson, professora da Harvard Business School. Ela é mais conhecida por cunhar o termo “segurança psicológica”, que agora é usado todos os dias em conversas em organizações de todas as formas e tamanhos, de pequenas equipes em startups de tecnologia a membros do conselho de empresas da Fortune 50 e atletas em equipes esportivas profissionais.

No entanto, surpreendentemente, poucos líderes realmente entendem porque a segurança psicológica é um pré-requisito para o sucesso, muito menos como incorporá-la à cultura de sua organização. Em outras palavras, eles usam as palavras, mas não entendem o significado.

É em parte por isso que Edmondson escreveu seu novo livro, The Right Kind of Wrong, The Science of Failing Well (ainda sem tradução em português). Nele, ela explica as nuances da segurança psicológica, como os líderes podem criá-la e por que ela inspira as pessoas a correr riscos e se aventurar no desconhecido, mesmo que haja uma chance de fracasso. A chave, é claro, é aprender com essas chamadas “falhas inteligentes” e se tornar um líder ainda melhor no processo.

Alguns exemplos se destacaram durante minha conversa com Edmondson e abrangem os mundos dos negócios e dos esportes. Os líderes abaixo exemplificam o que significa aprender com o tipo certo de erro. Eles modelaram perfeitamente a vulnerabilidade e, no processo, ajudaram suas organizações a se tornarem mais inovadoras.

Brad Smith, o icônico ex-CEO e presidente do conselho da Intuit, lembra-se de uma época em que, quando jovem, cometeu um erro terrível. Ele havia superestimado grosseiramente o potencial de um novo segmento de mercado que estava sob sua responsabilidade. Na noite anterior a uma grande apresentação para o conselho da empresa, na qual ele seria forçado a compartilhar os resultados ruins, Smith ligou para o pai, quase chorando pelo que parecia inevitável no dia seguinte – sua demissão da empresa que amava.

No entanto, o conselho o surpreendeu. Depois que Smith compartilhou as más notícias, o conselho respondeu: “Obrigado por sua honestidade. Você nos ensinou uma lição valiosa. Agora sabemos o que não fazer e como alocar melhor recursos futuros em áreas mais estratégicas.” Smith ficou atordoado e sentiu uma sensação imediata de alívio em cada célula de seu corpo.

Ele não deixou esses sentimentos intensos serem desperdiçados. Smith aproveitou essa oportunidade crucial para entender melhor o poder de ser vulnerável. Seguindo em frente, em vez de esconder informações ruins e deixá-las causar ansiedade pessoal, ele estava determinado a compartilhar as informações de forma mais proativa e ter uma discussão honesta sobre elas, para o bem ou para o mal. Desde então, Smith conquistou a reputação de ser um dos líderes mais transparentes, inovadores e humildes de todo o Vale do Silício. O preço das ações da Intuit disparou quase dez vezes durante sua gestão.

No mundo dos esportes, Dansby Swanson assinou recentemente um contrato de US$ 177 milhões com o time de beisebol Chicago Cubs. Digamos que ele ganhou o prêmio mais alto, o jackpot. Mas apenas alguns anos antes, ele lutou muito como um novato. Noites sem dormir abalaram seu mundo porque ele não conseguia se livrar de uma queda horrível de rebatidas. Mas, em vez de repreendê-lo ou colocá-lo no banco, a comissão técnica conversou abertamente com Swanson sobre sua queda e o encorajou a tentar coisas novas, refletir e até mesmo manter um diário. Seus treinadores queriam que ele tirasse os pensamentos negativos e debilitantes de sua mente desordenada e os colocasse no papel para que ele pudesse começar cada dia e cada nova rebatida do zero.

Swanson levou o conselho a sério. Ele manteve um diário detalhado, tornou-se altamente introspectivo e mudou sua postura psicológica. Eventualmente, ele começou a enquadrar novas experiências de forma diferente. Em vez de se concentrar nas vezes em que não acertou, ele disse a si mesmo: “Se eu conseguir acertar três em dez vezes, serei considerado um jogador do Hall da Fama um dia desses.” A nova estratégia funcionou. Ele desempenhou um papel fundamental ao ajudar seu ex-time, o Atlanta Braves, a vencer uma World Series em 2021 e, em seguida, assinou um contrato lucrativo com o Chicago Cubs.

O ex-treinador da NBA, Stan Van Gundy, compartilhou uma história interessante sobre um de seus ex-jogadores, JJ Redick. Após uma derrota esmagadora, Van Gundy se aproximou de Reddick, deu um tapinha em suas costas e disse: “Bom jogo. Não se preocupe. Vamos pegá-los na próxima vez.” Van Gundy descreveu vividamente a expressão de horror no rosto de Reddick. A princípio, Van Gundy ficou confuso, mas logo percebeu que Reddick não queria feedbacks superficiais. Ele ansiava por um feedback honesto e crítica construtiva, principalmente naquele momento de desespero. Após a derrota, Reddick estava pronto – tanto na cabeça quanto no coração – para aprender com seus erros e crescer como jogador e líder.

Todos esses líderes – Smith, Swanson e Reddick – adotaram uma mentalidade de crescimento no início de suas carreiras, que é a essência de aprender com o tipo certo de erro.

Você deveria também.

Jeffrey Cohn é o apresentador do premiado podcast Imperfect Leaders. Ele deu aulas sobre liderança em Yale e no INSEAD, escreveu muitos artigos para a Harvard Business Review e é colaborador frequente da CNBC e do Wall Street Journal..

Fonte original: Why Smart Leaders Make Intelligent Failures | Inc.com

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