Por Peter Maguire

Segurança Psicológica tem se tornado o termo mais presente em conversas sobre como podemos fazer organizações de alto desempenho e como podemos lidar com os desafios de saúde mental no local de trabalho.

Muito está sendo feito para a construção de ferramentas e plataformas que as organizações possam usar para melhorar suas políticas e práticas de bem-estar e saúde mental no local de trabalho. A maioria delas utiliza o que muitos consideram metodologias comprovadas de gerenciamento de risco que sustentam os modelos de conformidade de Segurança e Saúde no Trabalho.

Em nossa opinião, isso terá eficácia limitada porque definir políticas, educar as pessoas sobre suas responsabilidades sob as políticas e fazer cumprir as políticas não faz com que as pessoas se sintam psicologicamente seguras.

Esses sistemas dependem fortemente de pessoas que fazem reclamações e/ou relatam não conformidades e isso provavelmente não acontecerá se elas não se sentirem psicologicamente seguras para fazê-lo.

Vamos reformular a Segurança Psicológica por meio da lente da Investigação Apreciativa

A Investigação Apreciativa (IA) é uma metodologia de mudança comprovada que utiliza uma abordagem da psicologia positiva com foco em como utilizar os pontos fortes de uma organização ou grupo para enfrentar desafios ou oportunidades de melhoria.

Em “Appreciative Inquiry A Positive Revolution in Change” por David L Cooperrider (Co-criador da Investigação Apreciativa) e Diana Whitney (uma consultora e autora da Investigação Apreciativa), uma das questões interessantes exploradas é o porquê da Investigação Apreciativa obter o envolvimento das pessoas e resultados tão excelentes.

Um estudo feito por Whitney e uma associada Amanda Trosten-Bloom identificou seis condições essenciais que a Investigação Apreciativa gera para alcançar esse engajamento e sucesso – as seis liberdades:

1. A liberdade de ser conhecido na relação: isto significa que as pessoas têm a oportunidade de serem elas mesmas como seres humanos e conhecer uns aos outros nessa base, em vez de ser estereotipado em papéis. Isso cria pontes entre “limites de poder e autoridade” e ajuda a nivelar o campo de jogo para todos.

2. Liberdade de ser ouvido: isso é mais do que apenas ouvir o que alguém tem a dizer. É sobre ser curioso e empático e realmente entender a história da pessoa. Ter conversas apreciativas ​​com as pessoas, fazem com que elas se sintam incluídas e percebam que sua voz está sendo ouvida. Agindo de acordo com o que as pessoas têm a dizer, você diz a elas que sua voz é valorizada.

3. Liberdade para sonhar em comunidade: no complexo mundo de hoje, liderança visionária significa despertar os sonhos das pessoas em todos os níveis da organização. É ser um lugar seguro onde grupos de pessoas grandes e diversos possam compartilhar seus sonhos em diálogo uns com os outros.

4. Liberdade de escolha para contribuir: quando as pessoas acreditam que podem escolher dar uma contribuição e se comprometer em fazer um projeto, elas estão concordando, não porque precisam, mas porque querem. Isso cria determinação e as pessoas fazem o que é necessário para que funcione.

5. Liberdade para agir com apoio: quando as pessoas sabem que se preocupam com seu trabalho e estão ansiosas para cooperar, elas se sentem seguras para experimentar, inovar e aprender. O suporte de todo o sistema estimula as pessoas a enfrentar desafios e as leva a atos de cooperação que revelam o que têm de melhor.

6. Liberdade para ser positivo: nas organizações de hoje, simplesmente não é a norma se divertir, ser feliz ou ser positivo. A Investigação Apreciativa funciona porque cria o contexto para que as pessoas sejam positivas e tem o poder não apenas de fazer as pessoas se orgulharem de suas experiências de trabalho, mas também de transformar o discurso negativo e o pensamento negativo em ideias positivas e inovação.

Vamos reposicionar isso para o trabalho diário

Conforme observado acima, a abordagem comum para lidar com a segurança psicológica é o modelo clássico de gerenciamento de risco: avaliação do risco, política, educação e conformidade. Esse é um pensamento deficitário e, na verdade, é parte do problema, e não uma solução.

As 6 liberdades estabelecidas acima estão relacionadas ao processo de Investigação Apreciativa e o que ela oferece é a prática por meio de uma abordagem com pensamento positivo.

Vamos pegar essas liberdades e transformá-las em um conjunto de 6 afirmações que podem trazer um olhar diferente sobre o que a segurança psicológica realmente significa todos os dias no trabalho.

Aqui estão essas 6 declarações:

1. Eu tenho a oportunidade de ser eu mesmo e sou grato por isso.

2. Tenho genuinamente uma voz que é ouvida com curiosidade e respeito e acredito que tenho um impacto positivo com o que digo.

3. Sinto-me encorajado a compartilhar minhas ideias e sonhos com todos e faço isso porque me sinto seguro em fazê-lo.

4. Tenho oportunidades de me envolver em projetos e posso decidir sozinho se o faço e, em caso afirmativo, o que faço.

5. Fico feliz em experimentar e aprender coisas novas porque me sinto apoiado pelo sistema e pelas pessoas.

6. Gosto de emoções positivas porque me sinto bem com a maneira como fazemos as coisas aqui.

Claro, nossos negócios e pessoas enfrentam desafios de um tipo ou de outro todos os dias. Todos nós temos nossas lutas como indivíduos, equipes e organizações.

Adotar uma abordagem de psicologia positiva não eliminará as lutas – elas são apenas parte da vida. O que isso faz é tornar o processo de lidar com essas lutas muito mais positivo e envolvente, fornecendo resultados muito melhores do que apenas “consertar o problema”.

Tradução: Renata Meneghelo

Revisão: IISP – Instituto Internacional em Segurança Psicológica (https://segurancapsicologica.com)

Fonte artigo original: https://www.poswork.com.au/how-appreciative-inquiry-builds-psychological-safety/

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