por CHUCK WISNER
29 de novembro de 2022 | Traduzido por IISP – Instituto Internacional em Segurança Psicológica (www.segurancapsicologica.com)
Muitos empregadores implementaram horários de trabalho híbridos como parte de seus esforços para levar os funcionários de volta ao escritório.
O fechamento de escritórios pela pandemia derrubou o modelo de escritório paternalista, em que os gerentes determinavam como recompensar os funcionários que faziam um bom trabalho.
Para surpresa de líderes e colaboradores, o trabalho remoto acabou sendo mais produtivo do que o trabalho presencial. Também deu aos funcionários a liberdade de deslocamento e o distanciamento de uma gestão opressiva.
É uma oportunidade de dar uma nova olhada em como tirar o melhor proveito do trabalho virtual e presencial. Nenhum dos modelos é perfeito, mas, se usados com sabedoria, podem se complementar, melhorar o comportamento dos líderes e tornar as equipes mais eficazes.
No antigo modelo de escritório, a cultura costumava ser deixada de lado e reinavam metas, métricas e processos mensuráveis. Mas muito do sucesso das equipes depende da cultura organizacional – e são as conversas que moldam a cultura.
Quatro conversas arquetípicas – narrativas, colaborativas, criativas e de compromisso – oferecem uma nova estrutura de reunião que economiza tempo, cria equipes mais inteligentes e leva a melhores decisões
- Conversas Narrativas (ou contação de histórias)
Todos nós trazemos nossas histórias para o escritório. Enquanto uma pessoa chega acreditando que o projeto está no caminho certo, outra chega furiosa porque não há mais recursos disponíveis.
Embora nossas histórias sejam vitais e afirmadoras da vida, elas também são carregadas de energia do ego que pode nos prender em padrões de defesa e interações improdutivas. O melhor antídoto é reconhecer que sua história é sua opinião e não a verdade. Em suma, relaxe.
Esta conversa é uma exploração das histórias do nosso mundo individual. Exige que a gente reflita sobre o nosso pensamento. Pergunte a si mesmo: Que histórias, sentimentos e medos estou trazendo para uma reunião? Estou empenhado em defender meu ponto de vista e vencer a discussão, ou estou disposto a mostrar minhas cartas e considerar outras perspectivas?
Investigue seus pensamentos e emoções e, em seguida, exponha seu pensamento. Lembre-se: como você se mostra – virtualmente ou pessoalmente – afeta a forma como os outros se envolvem com você.
Conversas narrativas, que contam histórias, tendem a dominar quando nos socializamos. Reserve um tempo antes e depois das reuniões para que as pessoas possam conversar, tomar um café e compartilhar suas histórias. As conexões pessoais são cruciais para a construção de confiança.
- Conversas Colaborativas
Essa conversa nos permite compartilhar informações e perspectivas – mas requer uma mudança de narrativa “centrada no eu” para uma mentalidade “focada no nós”. Muitas vezes é aí que as coisas esquentam.
Se permanecermos egocêntricos, batemos de frente com os outros e defendemos nossas posições, perpetuando ciclos improdutivos. Uma conversa “focada no nós” exige que compartilhemos nossa posição como qualquer um entre muitos e estejamos dispostos a considerar outras perspectivas. Abrindo mão de se defender e curioso com o que o outro pode dizer, o ritmo desta conversa pode inspirar a escuta, o aprendizado e decisões sábias.
Na minha experiência, compartilhar dados de objetivos – virtualmente ou pessoalmente – deixa o time “atolado” de informações, relatórios e revisões de métricas. Quando apropriado, obtenha atualizações e compartilhe os dados por e-mail, Slack ou recursos virtuais. Faça a si mesmo esta pergunta de forma crítica: quem precisa dessas informações e de qual maneira?
A melhor forma de compartilhar perspectivas subjetivas e promover o aprendizado a partir delas é pessoalmente, em um bom espaço onde haja quadros brancos para estimular e aprimorar as interações e o engajamento da equipe.
Uma cultura de segurança psicológica é crucial para que os indivíduos expressem suas opiniões pois incentiva conversas de mente e coração abertos. Linguagem corporal, presença, perguntas investigativas e a dose de dopamina de um bom diálogo estão ausentes na maioria das reuniões virtuais.
Nada anima mais uma reunião do que a deliberação sobre um assunto suculento. Já vi muitas reuniões mortas ganharem vida quando um líder ou facilitador coloca uma batata quente na mesa e dá tempo para que múltiplas perspectivas venham à tona. Isso cria um espaço psicologicamente seguro para os indivíduos falarem, discordarem respeitosamente e explorarem diferentes opiniões. Conversas colaborativas e robustas, naturalmente invocam conversas criativas.
- Conversas Criativas
Esta é sobre ideação. O brainstorming muitas vezes é interrompido por julgamentos prematuros como: “Isso nunca vai funcionar!”
Conversas criativas encorajam os participantes a apresentar ideias corajosamente sem medo de julgamento. Uma conversa criativa bem-sucedida é um espaço aberto onde as ideias podem surgir e podem serem consideradas.
Desenhos, quadros brancos, fotos e ideias fora da caixa geralmente só funcionam pessoalmente. Assim como as conversas colaborativas, elas funcionam melhor em espaços onde mentes e corações abertos podem se sincronizar. Uma sincronização neurológica – que inclui espelhamento inconsciente, linguagem corporal, movimentos oculares, reconhecimento e presença – pode ser mágica. Todos nós já experimentamos os resultados imprevistos de soluções inesperadas, possíveis apenas por meio da colaboração e da cocriação.
Essa conversa também anima as reuniões quando você deliberadamente reserva um bom espaço para inspirar a criatividade. E quando você conseguir uma vitória inesperada, não se esqueça de comemorar o esforço.
- Conversas de Compromisso
Esta é a conversa de ação. Se você fizer X, eu posso fazer Y. Os negócios são gerados por meio dos compromissos que assumimos uns com os outros. Os negócios prosperam com nossas promessas coletivas, mas muitas vezes fazemos promessas malfeitas que estão prontas para um colapso.
As melhores conversas de compromisso consideram quem está fazendo o pedido, o momento e a definição de sucesso. Sob pressão para tomar decisões oportunas e manter as coisas em andamento, os líderes muitas vezes fazem pedidos de passagem e recebem um “claro” obrigatório.
Adoramos contar nossas histórias e tomar decisões. Em nossa pressa para tomar uma decisão, fazemos um by-pass conversacional, ou seja, pulamos as suculentas conversas colaborativas e criativas – as duas conversas que trazem energia, engajamento, aprendizado mútuo e novas ideias.
Não tome decisões a menos que tenha dedicado tempo para ouvir várias perspectivas e considerar várias possibilidades. As conversas pessoais podem aprimorar a tomada de decisões e encerrar as reuniões de forma produtiva. Também é possível que um líder ou equipe não esteja pronto para tomar uma decisão na hora. Nesse caso, as decisões podem ser tomadas offline e comunicadas virtualmente, com contexto.
Pessoalmente ou virtualmente, o componente crítico da conversa de compromisso é a clareza de propósito: como e por quem as decisões serão tomadas, como será realizado o acompanhamento e como o sucesso será medido.
Hoje, as reuniões também sofrem com o inchaço dos participantes – e muitos se sentem desvalorizados ou sem importância se não fazem parte da lista de participantes. A melhor maneira de mudar esse padrão é deixar claro o objetivo da reunião e os resultados esperados. Com o tempo, os participantes aceitarão essa mudança, o que ajudará a criar reuniões eficientes e eficazes.
É fácil convocar uma reunião, mas não é fácil ter a conversa certa, com o propósito certo, na hora certa, com as pessoas certas e da maneira certa.
Se pudermos descobrir como ter conversas com propósito, podemos transformar as formas como colaboramos, cocriamos e tomamos decisões inteligentes – virtualmente e no escritório.
CHUCK WISNER é consultor de liderança e autor de The Art of Conscious Conversations: Transforming How We Talk, Listen and Interact.
Fonte original: Should you work from home or go to the office? It all depends on the conversations you’re trying to have | Fortune